terça-feira, 2 de novembro de 2010

A noite

A nebulosidade ameaçadora
Tolda o éter, mancha a gleba, agride os rios
E urde amplas teias de carvões sombrios
No ar que álacre e radiante, há instantes, fora.

A água transubstancia-se. A onda estoura
Na negridão do oceano e entre os navios
Troa bárbara zoada de ais bravios,
Extraordinariamente atordoadora.

A custódia do anímico registro
A planetária escuridão se anexa...
Somente, iguais a espiões que acordam cedo,

Ficam brilhando com fulgor sinistro
Dentro da treva omnímoda e complexa
Os olhos fundos dos que estão com medo!

Augusto dos Anjos

Nenhum comentário:

Doce Feitiço

Essa maçã tem um doce feitiço que encanta minha alma,  Que me lança loucamente nos sonhos e que  me arrebata com uma força infinita,  Desper...